Usar e abusar do livro

Em 2015 abracei o aliciante convite de dinamizar a biblioteca escolar do agrupamento onde leciono. Reconheço-me como uma fã incondicional dos livros de histórias infantojuvenis.

Abraçar este projeto foi uma lufada de ar puro no meu já maduro percurso de professora no 1.º Ciclo e um mergulho perfeito no mundo da criação. Usar e abusar do livro, da história, para criar pontes entre os diversos intervenientes é um dos meus maiores prazeres.

Há livros que são fruto de uma tempestade criativa e de uma inspiração única. Como não nos apaixonarmos? É neste processo de mediação que cabem os mais bonitos encontros.

Sou quando leio, sou quando partilho; sou quando me deixo levar por um enredo que passou a ser meu, mesmo quando parece nada estar a acontecer. Esta é a magia dos livros e da sua leitura que nos liberta de uma época onde a cultura está em cancelamento.

Os livros são armas de construção maciça, contra a falta de inteligência, contra o obscurantismo, o negacionismo, a mediocridade. Apropriemo-nos de histórias, das histórias que nos levam a querer mais, das histórias que nos transformam e nos elevam.

Quem nunca se arrepiou, ao ponto da pele de galinha, ao ler uma frase que tocou a nossa alma? Quem nunca leu um parágrafo que parece ter sido escrito por e para nós? Quem nunca acionou o freio dos travões para adiar a finalização de um livro que tanto prazer nos deu?

Como grande privilegiada em fazer exatamente aquilo que amo, ser professora e contadeira do melhor público, as crianças, quero permanecer neste mundo a que chamam BIBLIOTECA.

Tal como um dia escreveu a autora Mafalda Milhões: «Uma Biblioteca é uma Casa onde cabe toda a Gente».

Não hesitem, há que entrar.

Sílvia Jardim, Professora Bibliotecária na Escola Básica Conde de Oeiras