Quando Shore Desvendado, o segundo livro da saga Aquorea, está a chegar às livrarias, conversamos com a autora, M. G. Ferrey, psicóloga de formação, para saber mais acerca desta saga de fantasia e da forma como tem sido recebida pelo público em geral e, em especial, pelas escolas.

1. O género fantástico tem uma longa tradição. Quais foram as tuas fontes de inspiração para escrever este romance?

Na verdade, apesar de hoje em dia adorar ler fantasia, escrevi Aquorea sem nunca ter lido este género. Penso que foi uma daquelas felizes coincidências em que o género me escolheu e não ao contrário. Os meus pais sempre tiveram a rotina de nos lerem uma história para adormecer quando eu e o meu irmão éramos pequenos. Penso que este gosto pela leitura e escrita surge dessas rotinas tão boas e que recordo com tanto carinho.

2. A tua formação em Psicologia Clínica ajuda, de alguma forma, a escrita?

Sim, sem dúvida. Gosto que cada personagem tenha uma voz muito própria e distinta. E a psicologia ajuda bastante a moldar essas diferentes personalidades e comportamentos nas diferentes personagens.

3. Que experiências tens tido na deslocação às escolas? Sabemos que os convites que recebes partem muitas vezes dos próprios alunos. Como é que os professores reagem à sugestão?

Têm sido fantásticas. Conhecer de perto o público que lê o que escrevo é um privilégio. Cada escola é, para mim, uma mais valia, com trocas de experiências e conhecimentos muito enriquecedoras. Sempre trabalhei com jovens, portanto adoro o contacto que estas visitas me permitem, e que de outra forma não existiriam. Sim, a grande maioria dos convites surgem por parte de alunos que lêem, fazem os trabalhos sobre Aquorea e me pedem para ir fazer palestras às suas escolas. Os professores entendem a importância e agilizam estes encontros, pois pretendem, claro, incentivar o gosto pela leitura e fomentar debates saudáveis.

4. Como explicas o sucesso deste livro numa faixa etária que lê tão pouco?

Acredito que é tudo uma questão de se tentar mudar a perspetiva e ajudá-los a perceber que a leitura pode e deve ser muito mais vasta do que os livros que lemos na escola. Devemos arriscar, explorar livros e géneros literários, até encontrarmos o nosso nicho, algo que nos arrebate. E quando essa magia acontece, a curiosidade de ler novos temas e expandirmos a nossa bolha, vai surgindo naturalmente.

5. A literatura fantástica é só para jovens? Ou apela a um público mais vasto?

Não há idade para se ler fantasia. Imensas mães de jovens que compram os livros, contactam-me e debatem comigo a história com o mesmo, ou até mais entusiasmo, que os seus filhos. É uma satisfação ver Aquorea chegar a tantas pessoas das mais variadas faixas etárias.

6. Este romance vai ter sequela?

Vai sim. O segundo volume já está em andamento. Quem terminou de ler Aquorea – Inspira, já pode ler o Prólogo do segundo volume, para ter um vislumbre do que por aí vem.

7. Qual a importância e a influência das redes sociais na divulgação e no sucesso deste romance?

Apesar de não ter grande tempo nem jeito para as redes sociais, sei que é aqui que está o meu público e facilita a nossa interação. Como comunicadora que sou, tento estar sempre presente. A comunidade bookstagrammer teve uma grande influência no impacto de Aquorea, pois foram eles que numa primeira fase deram a conhecer e impulsionaram o livro para outras plataformas. E depois o passa a palavra começou a acontecer… Por isso, e por todo o apoio que me dão diariamente, estarei sempre grata.

8. Porquê o pseudónimo M.G. Ferrey?

Sou muito bem disposta e divertida, achei engraçado brincar com o meu nome e deixar esta curiosidade no ar. (risos)

9. O que podemos esperar do próximo livro, que chega já em abril às livrarias?

Shore Desvendado é contado sob o ponto de vista (POV) do Kai. Enquanto escrevia Aquorea sabia bem o que o Kai sentia e pensava, conhecia bem as motivações para todos os seus comportamentos. Todas as suas atitudes têm razões muito fortes. Claro que, como Aquorea é escrito apenas do ponto de vista da Ara, o leitor não teve esta experiência, tendo apenas os pensamentos da Ara como forma de interpretar essas atitudes. Portanto, agora em Shore Desvendado, vamos ver Aquorea pelos olhos do Kai, conhecer os seus amigos mais próximos. Finalmente desvendar todos os seus sentimentos e perceber de que forma a chegada da Ara a Aquorea virou a sua vida de pernas para o ar.