Uma obra lúcida e sagaz de Júlia Lopes de Almeida, ícone do modernismo brasileiro.
Francisco Teodoro é um homem ambicioso à frente de um florescente negócio de exportação de café.
Na busca de protagonizar um quadro social ideal, casa com a bela Camila, jovem de origens humildes, para com ela constituir família.
Com o passar dos anos, a paixão de Teodoro continuará a ser o dinheiro; a de Camila, o dr. Gervásio. Acomodada ao conforto que o marido lhe providencia, mas totalmente alheia aos negócios do mesmo, é apanhada de surpresa, quando, num revés do destino, a fortuna se eclipsa.
Considerado um dos romances brasileiros mais emblemáticos do final do século XIX, A Falência expõe a decadência económica e moral de uma burguesia urbana hipócrita, dominada pelo machismo e incapaz de superar a sua dependência das estruturas esclavagistas que acabavam de ser abolidas.
«Os senhores romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo — como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos!»
Os elogios da crítica:
«Com a reedição de parte da sua obra — sobretudo A Falência — talvez consiga o lugar de imortal que injustamente lhe foi negado em 1897. Não estamos diante de um fenómeno apenas curioso: o da mulher que devia ter-se sentado na Academia Brasileira de Letras. A Falência existe enquanto materialização de um processo de apuramento literário de alguém que perseguiu a literatura como uma forma de reflectir sobre mundo. A Falência é o justo resgatar de um dos nomes mais estimulantes das letras brasileiras do virar se século XIX para o XX, um livro ao melhor estilo realista que pode ser posto a par de obras como a de Machado de Assis.»
Isabel Lucas, Público
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