No dia 16 de Novembro comemora-se o Dia Mundial da Filosofia, uma iniciativa da UNESCO.

A Filosofia não tem de ser um bicho de sete cabeças e é algo que coloco em prática há já alguns anos junto de crianças, jovens e adultos. Essa prática assenta na estrutura do diálogo, onde acontecem perguntas e respostas e procuramos pensar colaborativamente.

Um dos meus recursos preferidos para os diálogos são os livros, nomeadamente os livros infantis e juvenis.

Escolhi cinco títulos de livros que são excelentes trampolins para dialogar em família ou na escola.

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Todos Contam
de Kristin Roskifte
[livro recomendado a partir dos 6 anos]

A capa de Todos Contam está cheia de rostos: apresenta-nos pessoas bastante diferentes revela-se um verdadeiro tesouro de perguntas e de possibilidades para imaginar vidas. Que vidas? As nossas, as das pessoas que conhecemos, as das pessoas com quem nos cruzamos, as das pessoas que nunca vamos conhecer.

Este é um livro que convida a pensar sobre os outros, sobre a comunidade que nos rodeia. Conhecemos as pessoas que vemos todos os dias? Somos iguais ou diferentes?

Olá, Robot!
de CosiCosa e Ana Seixas
[livro recomendado a partir dos 7 anos]

Este é um livro informativo com o qual se pode aprender bastante e a partir do qual podemos dialogar e perguntar. O tema está na ordem do dia: a inteligência artificial.

Será um livro provocador para pensar o futuro (e o presente!): será que vamos amar inteligências artificiais? O ciborgue tem os mesmos direitos do ser humano? Vamos aprender com as máquinas? O que devemos ensinar à inteligência artificial? O que não devemos ensinar?

Quem mora cá dentro?
de Marcello Turconi e Allegra Agliardi
[livro recomendado a partir dos 4 anos]

Outro livro informativo que nos ajuda a compreender como funciona o nosso cérebro. Este órgão ainda encerra vários mistérios e continua a ser estudado. O que é que já sabemos sobre o cérebro?

A proposta do autor passa por “imaginar que o cérebro é uma pequena cidade que vamos visitar e na qual iremos conhecer a sua estrutura, os seus habitantes e o seu funcionamento.”

Eis algumas perguntas que podem fazer parte dos vossos diálogos: Onde nascem os pensamentos? Como é que sabemos que estamos a pensar? Pensar dói? Sentir é pensar?

Matilde (vários títulos)
de Mary Katherine Martins e Silva
[livro recomendado a partir dos 4 anos]

É difícil recomendar um livro desta colecção, pois todos me parecem pertinentes. O título Quando se perde alguém convida a pensar sobre a perda e a morte, um tema difícil e sobre o qual as crianças perguntam muito.

Vamos decidir juntos é um título que recomendo para falarmos da liberdade de pensar e criar e da forma como podemos concretizar as nossas ideias em comunidade. No final do livro a autora disponibiliza um Guia de Leitura para Pais e Educadores que enquadra o livro e deixa boas sugestões para a prática da escuta e do diálogo.

O Rapaz ao Fundo da Sala
de  Onjali Q. Raúf
[livro recomendado a partir dos 9 anos]

Este livro recebeu vários prémios e foi-me recomendado por um jovem. Os temas abordados são sensíveis: os refugiados e a guerra. O Rapaz ao Fundo da Sala permite-nos abrir o diálogo sobre as pessoas que têm de abandonar a família, a casa, os amigos devido à guerra.

O que é a guerra? Quando é que um sítio passa a ser a nossa casa? Que valor tem a amizade? – eis algumas perguntas que o livro me provocou.

Algumas sugestões para o diálogo

No diálogo é fundamental a atitude de escuta e de interesse genuíno por aquilo que está a ser dito, seja uma criança, um jovem ou um adulto. Recomendo que o diálogo aconteça sem pressa, tal como a leitura. Se possível, pratique a leitura em voz alta antes ainda de mergulhar no diálogo.

Algumas perguntas que podem ajudar a manter o diálogo vivo:
– Podes explicar melhor?
– E se fosse de outra maneira?
– Porque é que dizes isso?
– Concordas?
– Não concordas?
– Será que…?

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Espero que estes livros possam motivar as famílias e os profissionais da educação a celebrar a Filosofia e o pensamento, através da leitura e do diálogo.

Boas leituras e bons diálogos!

Joana Rita Sousa
(filósofa, perguntóloga, mediadora da leitura e do diálogo | filocriatividade)
https://joanarssousa.blogs.sapo.pt/